Circulando pelo interior em projeto vencedor do Proac / Lei Paulo Gustavo, o grupo que
completou 33 anos e tem 69 produções realizadas chega a São José dos Campos para
apresentar GRATUITAMENTE a peça que brinca com o sentido da vida.
Na mais famosa tragédia de Shakespeare, Hamlet, a única cênica cômica é a dos coveiros.
Hamlet empunha caveiras nas mãos e se depara com a de Yorick, que foi o bobo da corte e
alegrou sua infância. A imagem que mais representa a tragédia de Shakespeare é de Hamlet
com caveira erguida nas mãos. Ou seja, o momento da tragédia que ficou imortalizado no
imaginário universal é exatamente aquele no qual a comédia está destacada pela tragédia.
Em A Cabeça de Yorick, os palhaços fazem essa inversão, levantando imagens trágicas dentro
do ambiente cômico.
A origem da encenação está nos diálogos entre Hugo Possolo e Raul Barretto, fundadores
dos Parlapatões, com Nando Bolognesi, o palhaço Comendador (Jogando no Quintal) sobre
sua condição de cadeirante. Os assuntos se ampliaram para a condição dos idosos (Raul e
Hugo têm mais de 60 anos), do uso de drogas e dos homens diante de seu próprio
machismo.
A ótica do humor, mais que uma abordagem, é a essência da peça tratar de acessibilidade e
estabelecer olhares transformadores. Diante das questões identitárias cabe aos artistas uma
expressão contundente e poética na eliminação dos preconceitos.
Em diferentes quadros da peça, que têm uma sutil ligação entre si, os três palhaços se vêm
diante da morte. Com muito humor, tudo que encontram é a renovação da esperança.
Os três circulam em variadas abordagens, como a de uma Palestra Motivacional sobre a vida
eterna até outro quadro que brinca com diferentes maneiras de se suicidar.
Os palhaços também centram fogo em seu lugar de fala, dando a visão masculina sobre os
desafios de ser um homem sensível, ou melhor, um super-homens sensíveis… Brincam com
seu próprio machismo tentando desconstrui-lo.
Em outra cena, um palhaço se surpreende pelo encontro com o corpo de outro palhaço
morto, descrevendo todas as suas impressões tragicômicas levadas ao absurdo da
compreensão cômica sobre a vida.
O público participa, feito por jogo de improviso, dando ideias sobre como a inversão dos
ícones básicos da tragédia podem ser vistos, revistos e anarquizados pela comédia.
Sem uma aparente linearidade as cenas se completam num ciclo final intenso, gerando
empatia no público sobre seu próprio ridículo diante da inevitável morte.
A Cabeça de Yorick é mais um resultado da pesquisa que os Parlapatões em torno da figura
do palhaço e do bufão.
Serviço
A Cabeça de Yorick
31/08 sábado 17 e 20:30h
Local: Centro Cultural Casarão
R. Aracy de Almeida Câmara, 291 – Barão Geraldo, Campinas (SP)
Entrada gratuita. Classificação livre para todos os públicos